O Ouro Olímpico
A grande conquista
A grande conquista
Ah 1996! Só de pensar naquele ano eu fico toda arrepiada. Sabe aquele período da sua vida que tudo dá certo? Pois é, para mim, 96 foi assim. Além da conquista do bicampeonato do circuito mundial, consegui realizar o sonho que tinha desde quando comecei a jogar vôlei: conquistar a medalha de ouro olímpica. A sensação de prazer, de êxtase, é inesquecível. Ainda mais para mim e para a Sandra, que fomos as primeiras brasileiras da história a colocar o ouro olímpico no peito.
Para atingirmos nosso objetivo, passamos por muitas dificuldades. Nem tanto pelos exaustivos dias de treinamento, mas principalmente pela pressão de sermos as favoritas. Éramos campeãs mundiais, e a imprensa, as jogadoras, o público, enfim, todos apostavam na nossa vitória. Isso atrapalhou um pouco, porém não o suficiente para estragar o nosso sonho. Me lembro perfeitamente dos cinco jogos que disputamos. Alguns fáceis, outros extremamente complicados…
Foi praticamente um treino. A dupla delas era uma das mais fracas da Olimpíada. A Indonésia começou a investir no vôlei de praia apenas no final de 95, e elas foram a Atlanta apenas para ganhar experiência internacional.
Essa foi a nossa verdadeira estréia. O jogo foi muito equilibrado, mas no final fomos superiores e conseguimos fechar o jogo. Foi talvez a partida em que encontramos mais dificuldades para vencer.
Nosso melhor jogo na Olimpíada. Entramos em quadra concentradas e conseguimos desenvolver um voleibol de alto nível. Não demos chances de recuperação para a dupla adversária.
O jogo começou tenso, com as duas duplas errando muito. Mas, aos poucos, fomos botando os nervos no lugar e começamos a disparar no placar. Foi a partir do décimo ponto que eu finalmente me dei conta de que a conquista do ouro não era apenas um sonho, mas uma possibilidade bem real.
Admito que fomos surpreendidas no começo da partida. Como haviam perdido na fase de classificação, elas mudaram de tática e passaram a forçar o saque na Sandra. Até então, eu recebia a maioria dos saques e finalizava. Essa mudança de tática por parte delas nos prejudicou, porque a Sandra não havia sofrido esse tipo de pressão durante os Jogos. O set foi disputado ponto a ponto, mas no final conseguimos fechar.
A perda do primeiro set abalou-as emocionalmente. Percebi isso na virada de quadra, quando o semblante das duas não era mais o mesmo. Ali tive a certeza da vitória, tanto que o segundo set foi relativamente fácil. Tivemos o jogo sob controle do primeiro ao último ponto. Pude refletir muito nos pontos finais, parecia estar assistindo a um filme da minha vida em câmera lenta. Graças a Deus, o tão sonhado momento havia chegado, e era todo meu, com certeza…