O Começo
O início de uma saga vitoriosa no esporte
O início de uma saga vitoriosa no esporte
Meu começo no vôlei foi até certo ponto curioso. Eu costumava jogar com meus amigos no Posto 5, em Copacabana, por coincidência mesmo local que revelou outros craques como Bernard, Bernardinho e Badá, entre outros. Eu tinha apenas 9 anos, mas queria participar de campeonatos, jogar em algum clube, sei lá. A verdade é que não tinha idéia sobre o meu futuro, só sabia de uma coisa: que o vôlei significava tudo para mim.
Até que arrumei para fazer um teste no Fluminense. Eu iria com a minha mãe, mas ela se atrasou e acabei perdendo o treino. Vendo a minha tristeza, ela resolveu falar pessoalmente com o Ênio Figueiredo, então técnico de vôlei do colégio Notredame, que mais tarde seria o pivô de muitos outros acontecimentos. O problema é que as meninas eram bem mais velhas, e por isso ele disse para esperarmos mais alguns anos. Fiquei arrasada.
Finalmente, depois de muita insistência e muita cara de choro, o Ênio me deixou “bater uma bolinha”. Essa expressão me marcou muito, pois durante um bom tempo eu literalmente fiquei batendo uma bolinha, só que contra a parede!!! Depois da aula, subia correndo a escadaria do colégio rumo ao ginásio, mas ele me dizia para ficar ali, dando manchete contra a parede. Só quando o treino já estava perto do final é que ele me chamava para jogar partidas de duplas.
Alguns meses depois, ele foi treinar o mirim do Flamengo, e levou junto umas dez alunas, inclusive eu. Me lembro até hoje do meu jogo de estréia no campeonato carioca, contra o Fluminense. Comecei no banco, mas quando entrei nosso time subiu muito de produção. Ali senti que aquilo era minha vida, que eu poderia atingir tudo através do vôlei. Em quadra, me sentia à vontade, como se estivesse em minha própria casa. A partir daquele momento tive a certeza de que o vôlei estaria comigo para o resto da vida.
Três anos depois, imagine, eu já era requisitada para ficar no banco do time adulto! Estava realmente arrebentando, e não demorou para ficar conhecida no país. Minha vida estava uma loucura, pois jogava em várias categorias. Em algumas ocasiões me escalavam para atuar no mesmo dia em dois jogos consecutivos, por categorias diferentes. Pode?
Com 14 anos, fui chamada pela primeira vez para a seleção principal. Depois de quatro meses concentrada em um casarão em Belo Horizonte, fui cortada com a alegação de que era muito nova. Poucos meses depois, fui eleita a melhor levantadora do país, que bom ter continuado.